Desvendando os impactos do assédio moral no trabalho e a Síndrome de Burnout
- Camila Vilas Boas

- Mar 14, 2024
- 3 min read
Infelizmente o assédio moral no ambiente de trabalho é uma realidade insidiosa e prejudicial. A depender de sua recorrência e duração, pode levar inclusive a um estado de esgotamento profissional, chamado Burnout.
O assédio moral é composto por comportamentos abusivos, humilhantes e degradantes, que deixam a vítima em constante estado de constrangimento e vulnerabilidade. Pode ser confundido com a hierarquia autoritária, com interpretações como “ele age assim por ser o chefe, ou por ter um estilo de liderança mais autoritário”.
Mas uma coisa é chefiar e liderar, outra totalmente diferente é não ter um trato respeitoso para com os chefiados e liderados.
O que caracteriza o assédio moral
Retomando um pouco a história do termo “assédio moral”, que remonta décadas, este foi inicialmente estudado pelo professor Heinz Leymann na década de 80. No contexto brasileiro, a Dra. Margarida Barreto trouxe à tona esse tema, evidenciando sua relevância e impacto na saúde mental dos trabalhadores.
Desde então, medidas legais têm sido adotadas para proteger os indivíduos contra isto que não é um estilo de liderança, mas sim uma forma de abuso. Algo que inclusive é tipificado como crime pela Lei 14.612 de 2023, que define o assédio moral como:
“a conduta praticada no exercício profissional ou em razão dele, por meio da repetição deliberada de gestos, palavras faladas ou escritas ou comportamentos que exponham o estagiário, o advogado ou qualquer outro profissional que esteja prestando seus serviços a situações humilhantes e constrangedoras, capazes de lhes causar ofensa à personalidade, à dignidade e à integridade psíquica ou física, com o objetivo de excluí-los das suas funções ou de desestabilizá-los emocionalmente, deteriorando o ambiente profissional.”

Por esta definição proposta pela lei e outros autores, temos que no cotidiano do ambiente de trabalho o assédio moral pode ser manifestado a partir de vários comportamentos, incluindo críticas constantes, desqualificação e isolamento.
Essas táticas geralmente visam intimidar e manipular os funcionários, criando um clima de medo e ansiedade em relação à segurança no emprego. O sofrimento resultante é gradativo e pode levar a consequências graves, como a Síndrome de Burnout.
O Burnout como possível consequência do assédio moral sofrido
O Burnout é uma condição caracterizada pelo esgotamento profissional, um estado que se desenvolve gradualmente como resultado de repetidos desgastes no ambiente de trabalho. Os indivíduos acometidos por iste, podem começar a perceber sinais como fadiga, tristeza, irritabilidade, dificuldade de concentração e queda na produtividade.
Mudanças no sono e nos hábitos alimentares também podem ser observadas, chegando ao ponto em que nem mesmo o descanso noturno ou os fins de semana são suficientes para restaurar a sensação de bem-estar.
O peso das responsabilidades diárias pode se acumular, levando a sentimentos de culpa e inadequação por não conseguir lidar com todas as demandas. Esses sintomas tendem a se instalar gradualmente como resultado do estresse contínuo no ambiente de trabalho.
São vários os fatores que podem levar ao desenvolvimento do Burnout, um destes é o assédio moral quando sofrido no ambiente de trabalho. Neste caso, por conta destes repetidos episódios de abuso e manipulação sofridos de maneira prolongada, a saúde mental e física são gradualmente comprometidas.

Enfrentando o Burnout e o assédio moral
Reconhecer os sinais de um possível Burnout e buscar ajuda profissional é essencial para prevenir e tratar essa condição debilitante. Uma Psicoterapia com psicólogo pode ser uma ferramenta valiosa no diagnóstico e tratamento.
Também, reconhecer o assédio moral sofrido é muito importante para que seja possível buscar as soluções jurídicas cabíveis com amparo na Lei.
Há sim recursos disponíveis para enfrentar tanto o Burnout quanto o assédio moral sofridos, restaurando dentro do possível o bem-estar emocional e a justiça cabível.
Referências:
VARGAS, S.G; BATTISTELLA, L.F. Manual de Orientações sobre assédio moral e síndrome de Burnout. Santa Maria, RS: Ed. UFSM, 2021.


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